Começou ontem o Fórum Internacional de Arquitetura e Urbanismo do Rio Academy, o maior evento deste tipo da América Latina. Com sede no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), o evento contou com cerca de 1250 inscritos para este primeiro módulo de conferências que discute temas fundamentais para a cidade do Rio de Janeiro em comemoração aos seus 450 anos.
Grandes nomes da arquitetura nacional e internacional marcaram presença neste primeiro dia. A tarde de ontem contou com conferências de Paulo Mendes da Rocha, Kai-Uwe Bergmann (BIG), Carolina Bueno e Grégory Bousquet (Triptyque) e Alejando Aravena.
O único arquiteto brasileiro vivo laureado com o Prêmio Pritzker (2006), Paulo Mendes da Rocha deu início ao primeiro ciclo de palestras do Rio Academy com uma conferência onde destacando a importância de se refletir o horizonte de ensino de arquitetura brasileira, salientando que enquanto americanos, 400 anos de história é um processo muito recente de construção de habitat humano. Segundo o arquiteto, falta união entre políticas americanas por falta de abertura de horizontes quanto uma visão crítica que a “natureza em si não é o habitat humano, que nós arquitetos temos que o construir.” Apresentou também alguns de seus projetos que repensavam as cidades, grande tema deste fórum, como o projeto para o Porto Fluvial do Rio Tietê (1980), e seu projeto para a Baía de Montevidéu, de 1998.
Kai-Uwe Bergmann falou em nome de BIG, e apresentou projetos do escritório dinamarquês ao redor do mundo, salientando a importância de se mesclar as particularidades da arquitetura vernacular e as eficiências proporcionadas pelo modernismo e seus métodos de produção. Criticando arquiteturas e estéticas de reprodução, defendeu o conceito do escritório de se desenvolver arquiteturas específicas para cada lugar, respondendo à problemáticas locais com exemplos em Taiwan, EUA, Canadá, Catar e Dinamarca.
Representando o escritório Triptyque, Carolina Bueno e Grégory Bousquet apresentaram projetos que marcaram a trajetória do estúdio franco-brasileiro ao redor do mundo e sua relação com o que chamam de “MIT do sertão”, algo como uma mistura de conhecimentos técnicos aplicados de forma vernacular em seus projetos. Em sua apresentação, salientaram que por mais adversas que possam ser as cidades e as condições de construção, é o papel do arquiteto transformar isso, e utilizar isso a seu favor, fazendo da arquitetura também um organismo vivo.
O chileno Alejandro Aravena apresentou uma série de projetos de seu escritório ELEMENTAL que refletem o futuro das cidades, apresentando também o processo de construção destes projetos com frequentes dinâmicas com a população, destacando a importância de se identificar necessidades específicas de cada caso. Apontou que o grande desafio do futuro das cidades é deter os criadores de conhecimento, qualidade de vida, segurança e baixa poluição para cidades densas, o que significa mais eficiência em infraestrutura. Exemplificou como isso se reflete em projetos de habitação, criticando em seu discurso as políticas e modelos de habitação popular brasileira, como Minha Casa Minha Vida.
Na tarde de hoje, 21 de julho, haverá conferências com os arquitetos Jaime Lerner, Giancarlo Mazzanti, Reinier de Graaf, Elizabeth e Christian de Portzamparc. O evento, que vai até o final da semana, conta ainda com workshops e Talks de Pedro Évora e Pedro Rivera (RUA Arquitetos), Washington Fajardo, Clóvis Cunha, Jorge Mario Jáuregui, Marcello Dantas e os alemães do Studio Schwitalla.
Fórum Internacional de Arquitetura e Urbanismo: 20 a 26 de Julho
- MAM: Av. Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo
- 20021-140 Rio de Janeiro, RJ
- Organização: Rio Academy / Tatac